sábado, 1 de março de 2014

14 de Fevereiro 2014


Estava a pensar naquela noite, uma ou duas semanas depois de termos “dado um tempo”, eu estava no mil, tu provavelmente estavas no cobre, não sei.

Estava com amigos de curso, a Ivy, o Robert e o Gary, que conheço desde sempre. Tu ligaste-me e, quando vi a nossa foto no baile e “Amorzinho <3” no ecrã fiquei tão perturbada, nem sei explicar. Desliguei ou desligaram a chamada por mim, já nem sei. Passado um minuto voltas a ligar. Aí não aguentei, comecei a chorar. A primeira vez que chorei em público. Desligaram a chamada por mim e fui-me sentar. Não me lembro bem se voltaste a ligar uma terceira vez ou se eu te mandei logo mensagem a perguntar o que se passava, ao que tu respondeste que me tinhas ligado sem querer. Isto doeu ainda mais.

Cerca de 15 minutos depois mandas-me mensagem “onde estas?”. Eu disse-te. Voltas a ligar-me, eu volto a desligar. “Vem cá fora”. “Estás aí?”. “Sim”. E fui. Encontro-te completamente bêbedo, encostado a um carro. Estava a chover. Fui ter contigo. Beijaste-me. Foi tão bom, será que estava tudo bem novamente? Trincaste-me até. Posso não me lembrar das coisas exatamente como aconteceram, mas lembro-me perfeitamente de algumas coisas. Lembro-me que te perguntei se já tinhas decidido alguma coisa, ao que tu não respondeste, limitaste-te a baixar a cabeça (que nem conseguias levantar). Lembro-me que te disse que tinha saudades tuas, e de tu dizeres “Miriam, não comeces” e eu dizer “É verdade”. Lembro-me de te perguntar se não tinhas saudades minhas, se estavas melhor sem mim, ao que tu acenaste com a cabeça “não” e “sim”, respetivamente. Lembro-me de te perguntar se querias acabar comigo, tu acenaste “sim”. Lembro-me de chorar e de tu estares demasiado bêbedo. Lembro-me de me teres dito que, se não tivesses vindo ter comigo eu andaria a comer um gajo qualquer. Lembro-me que o Dany te ligou e apareceu pouco depois. Lembro-me de ele me dizer para te deixar em paz, ao que eu gritei “EU?! Ele está a acabar comigo! Todo bêbedo!”. Lembro-me de ele te ter dito qualquer coisa ao ouvido e de te ter arrastado a seguir para longe de mim. Lembro-me de nem teres olhado para trás.

E quando te contei isto tudo, lembro-me de me teres chamado de mentirosa. Porque tu não te lembravas, não tinha acontecido. E disseste-me que não querias ouvir, que não querias saber, que eu contar-te era errado.

Não, Karl. Errado foi o que fizeste. Não, não sou mentirosa, porque é que eu haveria de inventar algo assim? E devias querer saber! Porque me magoaste mais do que muito. E nem sei o que mais te diga… Foste horrível.

E dei por mim a pensar nisto tudo e a ouvir na minha cabeça “por mais bêbedo que eu esteja, Miriam, eu sei sempre o que estou a fazer”.

E depois de me teres dito, quando te contei do que tinhas feito, que não te lembravas de ter feito nada, que não acreditavas em mim, que eu era “mentirosa”, e depois de me teres dito “tu sabes que eu era incapaz de fazer isso, de te dizer isso”, e sabendo eu que fizeste e disseste, eu pergunto-me… Sabias o que estavas a fazer?

Todos erramos, é certo, uns mais do que outros, uns com maior “gravidade” que outros, a diferença está em conseguirmos perdoar. Eu consegui.

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