sábado, 1 de março de 2014

30 de Janeiro 2014


Lembras-te de quando me disseste que não fazíamos coisas de namorados, porque não tínhamos tempo nem oportunidade?

Não há nada que eu queira mais neste momento. Todas as vésperas de exames que passo a stressar, espero pela tua mensagem a dizer para não me preocupar, “princesa”, porque vai correr bem. E se não corresse bem podia sempre contar com o teu abraço para me reconfortar.

Sempre que acontecesse alguma coisa, seja boa ou má, só quero contar-te. No outro dia ia tendo um acidente, um cão enorme saltou para o meio da estrada, num dia de chuva, na rua da Subida.. só tive tempo de travar com quanta força tive, o carro a deslizar e derrapar, os pneus a chiar, o cão com o ar mais assustado do mundo, as pessoas todas a olharem para mim. Foi horrível, acho que nunca tinha tido um choque tão.. chocante na minha vida. Nem cheguei a tempo de carregar na embraiagem, o carro foi-se abaixo e nem dei por isso porque continuou sempre a deslizar. Desatei a chorar enquanto voltava a ligar o motor. Só queria o teu colo, abraço, beijinho na testa.. qualquer coisa.

Estou sempre a pensar no que é que posso fazer para te mostrar o quanto gosto de ti. Aprender a tocar guitarra e gravar uma música para ti. Ir contigo à feira medieval. Ir contigo à color run. E sei que pode ser tudo em vão. Mas acho que prefiro viver comigo sabendo que tentei, por ti, do que sabendo que me conformei.

Tenho tantas saudades do teu sorriso. E do teu amor sempre misturado com uma dose de “realidade”, não sei explicar.

Eu sei que também tens saudades minhas, não tens? Porque é que não podemos pelo menos tentar? Prometo que iria tentar dar mais ordens, ao invés de ser submissa. Quando algo me incomodasse eu dir-te-ia. Não amuaria por coisas idiotas.

Lembras-te daquela manhã a seguir à serenata da queima em que estavas em casa do Dany, à espera que eu te dissesse que podias vir cá para casa. E eu cheia de sono, mas a tentar manter-me acordada para perceber quando o meu pai saía de casa. E depois vieste, cheio de sono, ainda a ressacar. Deitaste-te na minha cama, imploraste para não abrir a janela, e eu deixei-te dormir enquanto tomava banho. E quando sai do banho tu estavas stressado porque a empregada estava em casa e depois de me arranjar fui distrai-la enquanto tu saías.

E quando estávamos os dois, nus, a dormir na minha cama, depois da direta de segunda para terça-feira, da queima, e eu, que costumo dormir que nem uma pedra, acordei com passos do meu pai no piso debaixo. Mas a nossa estrelinha da sorte safou-nos.

E no cinema quando disseste que te estavas a começar a gostar mesmo de mim, e não era isso que querias. E na visita de estudo a Mafra, quando me perguntaste se eu queria namorar contigo. E quando me escrevias bilhetinhos nas aulas. Ainda os tenho, todinhos. E quando estivemos em Gandia e sentimo-nos como se fossemos grandes e vivêssemos juntos e era tudo bom e perfeito e divertido. E todas as tardes nos bancos da SoBota, todos os beijos, todos os olhares, todos os sorrisos.

Obrigada por me teres ajudado a ultrapassar tantas vergonhas que eu tinha, o meu ano de caloira, o AVC da minha mãe, tudo.

Nunca quis que escolhesses entre mim e a tua família, nem nunca te pediria tal coisa. Podes ter ambos, claro que podes. Lembras-te da partida do 1 de Abril que me contaste? Que tinhas chateado a tua mãe, mesmo a sério, e que ela tinha ido embora e nem tu nem o teu pai podiam ir procura-la porque tinham o café. Fiquei tão triste quando me contaste isso. E tão aliviada quando percebi que estavas a brincar. A família… está num patamar diferente, incomparável. E, por isso mesmo, não se deve comparar.

Karl, ambos cometemos erros. Eu sei que o meu foi de longe pior e horrível mas… não sei… eu só te quero a ti!

Quero dar-te tempo mas tenho tanto medo de te dar tempo a mais, que conheças alguém… Por agora passas os dias em casa, é quase impossível deixar de pensar em nós. Mas quando as aulas começarem, e as saídas à noite com os teus amigos, eu sei que vai ser muito mais fácil esquecer-me.

Tive 15 a anatomia. É uma nota excelente, a mais alta foi 16… Queria tanto dizer-te e ouvir um “boa miúda J”. Há tantas expressões que me lembram de ti…

Não sei que mais dizer. Tenho saudades e lamento o que fiz e o que nos aconteceu, no fundo resume-se a isto.

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