sábado, 1 de março de 2014

7 de Janeiro 2014


Hoje tive uma longa conversa com a Charlote, que me deu que pensar. É certo que arruinei as hipóteses de voltarmos a ter uma relação e que te magoei mesmo muito. Mas não esqueçamos que TU me magoaste mesmo muito. Não estou a dizer que a culpa é tua. Sempre que tento explicar o meu ponto de vista tu assumes logo que estou a culpar-te de tudo e que “a culpa é sempre tua”. Mas, como um amigo meu uma vez disse, “quando algo acontece numa relação não é habitual que a culpa seja apenas de uma das pessoas”.

Disseste que ainda estávamos juntos mas, a verdade é que, se estávamos, não se notava. Estive dois meses sem namorado, Karl. Dois meses sem receber uma mensagem de bom dia. Dois meses sem ouvir, ou ler, um “amo-te”. Dois meses sem uma mensagem de boa noite. Dois meses sem ver a pessoa que amava (e amo) mais do que tudo. Dois meses em que as pessoas olhavam para mim e diziam que eu não andava bem, que parecia cansada e triste. Dois meses em que me pesava todos os dias, com medo de estar a ficar anorética e dois meses em que chorava todos os dias à noite. Até cheguei a chorar no autocarro e na faculdade.

A Lily estava a falar do namorado, para variar um bocado. “O Emile é um atrasado. O Emile é um estúpido. Acreditas que o Emile ontem não me disse ‘amo-te’ no final da chamada?! Este Natal já sei o que é que vou dar ao Emile: um par de patins! A mãe e o pai do Emile são horríveis, odeio-os!...”. E eu estava a ouvir, para variar um bocado. A ouvir falar de uma relação que não tinha nada para resultar, não tinha amor, nem paixão, nem nada, enquanto pensava na minha. A minha relação, que dantes transbordava amor e paixão e tudo. E agora estava à beira do precipício. E porquê? Porque “não temos tempo”, porque “não temos interesses em comum”. O quê? Senti as lágrimas subirem-me aos olhos. Tentei aguentar. Não secavam, acumulavam-se cada vez mais. Levantei-me, tropecei, corri enquanto ouvia “mas onde é que ela vai?”, e fechei a porta da casa de banho mesmo a tempo de ninguém se aperceber que estava a chorar desalmadamente.

Eu já te disse mais do que uma vez que percebo que o tempo que demos tenha sido necessário, e admiro-te por teres tido coragem de o reconhecer e admitir. Mas nunca hei de perceber a razão para termos tido de nos afastar completamente. E nunca vou aceita-lo Karl. Porque isso fez-me sentir sozinha e abandonada, literalmente abandonada. Por ti. A pessoa que eu amava mais do que tudo no mundo, de repente disse-me que estava farta de mim e que não tinha tempo, que tinha a faculdade e… cenas. E ainda tiveste a lata de me dizer que não estavas a estabelecer prioridades! Eu nunca te pedi que me pusesses à frente da faculdade. Nunca! Aliás, até te disse que primeiro vinham as obrigações, depois o resto. Mas em relação aos teus amigos… com quem estavas todos os dias, várias horas por dia, eu acho que nem devia ter de pedir para ser uma prioridade em relação a eles, devia ser automático, Karl.

Lembras-te de quando falámos no Coimbra shopping e estávamos a tentar arranjar maneiras de estarmos juntos? Ou melhor, eu estava a tentar arranjar maneiras de estarmos juntos. Tu limitaste-te a rir-te e ridicularizar todas as minhas sugestões. E quando falei dos teus amigos, de todos os jantares que vocês faziam constantemente, tu perguntaste-me quase incrédulo se eu queria que tu jantasses comigo, como se fosse uma anormalidade. O que eu queria era estar contigo! Jantar, ceia, pequeno-almoço, lanche, qualquer coisa! Só queria estar contigo.

Nunca acreditei em relações à distância, sempre achei que o ditado “longe da vista, longe do coração” era muito certeiro. Mas agora vejo que não é bem assim. Nós já estivemos separados cerca de um mês. Durante as épocas de exames, nas férias de verão... Nunca aconteceu nada assim. E sabes porquê? Porque mantivemos sempre contacto, porque eu tive sempre namorado.

Não estou a tentar desculpar-me. O que fiz foi horrível. Mas foi um erro. E toda a gente comete erros. E toda a gente merece uma segunda oportunidade. Pelo menos na minha opinião.

Não te peço que queiras estar comigo novamente. Só te peço que me perdoes, tal como eu te perdoei. Porque acredita… tu magoaste-me. E não foi pouco.

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